A criança que manca – CLAUDICAÇÃO


A criança que manca – CLAUDICAÇÃO

Claudicação é uma marcha anormal. É um achado importante do exame físico e, muitas vezes, a queixa inicial ou única do paciente, sendo fundamental identificar a sua causa para indicar o melhor tratamento. Deve-se investigar a idade da criança, tempo de evolução, forma de início, sintomas associados, se é intermitente ou transitória, período de predileção, relação com atividade física, e sem deixar de fazer atividades prazerosas ou de brincar.

Para orientar melhor o raciocínio diagnóstico, separamos por faixa etária para a identificação das causas mais comuns.

Crianças entre 1 e 4 anos:

Entre as causas mais comuns estão infecção (artrite séptica, osteomelite), sinovite transitória ou artrite reacional. É fundamental identificar a causa, pois isso depende da conduta.

A presença de febre acima de 38°C, por exemplo, sugere infecção, mas é por meio de exame de sangue, assim como o ultrassom e a cintilografia, que se localiza o processo inflamatório ou infeccioso. Contudo, o procedimento que confirma o diagnóstico é aspiração da articulação e/ou do osso, com saída de pus.

As radiografias são geralmente normais, apresentando alterações destrutivas somente após 7 a 10 dias de evolução.

Em caso de dor, é necessário investigar se a criança está mancando em virtude de ter se machucado e feito algum tipo de lesão no membro. Na luxação congênita do quadril, a criança não apresenta dor, claudica desde o início da marcha.

Fora isso, as alterações neurológicas podem ser a causa.

Crianças de 4 a 10 anos

Uma das causas frequentes é a doença de Legg-Calvé-Perthes, uma necrose avascular idiopática da cabeça do fêmur, podendo aparecer dos 3 aos 11 anos de idade, na qual a criança manca e não se queixa de dor.

Outra possibilidade da causa nesta idade são as apofisites de tração (dor na cartilagem de crescimento), que aparecem após os 8 anos de idade, em crianças ativas, com queixa de edema (inchaço) e dor à palpação localizados, principalmente após atividade física.

Crianças de 10 a 16 anos

Fraturas por stress são causas frequentes em adolescentes atletas de competição. Geralmente não há trauma específico, e o aspecto radiológico pode ser facilmente confundido com tumor.

Tumores malignos podem permanecer assintomáticos por algum tempo antes da apresentação. Os pais costumam associar a trauma leve e, no início, podem não apresentar sinais sistêmicos.

Outra causa é o escorregamento da cabeça do fêmur (epifisiólise proximal do fêmur), que geralmente ocorre em crianças obesas com dor no quadril ou joelho, de início agudo ou insidioso.

Em todas as idades, para a confirmação da causa e da hipótese diagnóstica, muitas vezes é necessária a realização de Raio-X, cintilografia e/ou ressonância magnética.

Fonte: RSaúde