Descansar é Preciso

A culpa do ócio

Descansar é Preciso

Desde sempre ouvimos que o trabalho dignifica o homem, que devemos ser produtivos, descansar é para os fracos e preguiçosos.

Poucas são as vezes que ouvimos “Você precisa descansar”, ou melhor ainda “Você merece e pode descansar!” Geralmente ouvimos frases como essas somente quando estamos adoecidos. Infelizmente conheço muitas pessoas que sentem culpa por descansar, esquecendo que a vida também acontece nas horas vagas.

Poucas pessoas sabem que o ócio cumpre não apenas uma função psicológica, como também social. Isso porque ele auxilia na nossa reposição mental e física, permitindo uma conexão melhor com nós mesmos e com os outros. Auxilia o equilíbrio das nossas vidas, uma vez que somos constantemente cobrados por resultados e sucesso, medidos em trabalho e reconhecimento. A urbanização intensa empobrece ou extingue a busca por autoconhecimento, que auxilia na identificação das nossas limitações. Assim entenderíamos quais as coisas importantes que nos fazem bem, como por exemplo praticar o descanso necessário, isto é, não fazer absolutamente nada por algum tempo.

A culpa algumas vezes vem acompanhada da sensação de perder o controle da situação, aquele momento que talvez você acredita ser inútil é necessário para a saúde do nosso corpo e mente. Momentos de ócio auxiliam a conexão com o momento presente, na psicologia chamado de mindfunnes (prática meditativa de atenção plena que favorece a memória, diminui sintomas de ansiedade e aumenta a qualidade de vida). O descanso ajuda a reabastecer as energias, principalmente física, scanear o corpo, perceber se ele esta com alguma dor, se precisa de água ou alimento e lembrar o que é prioridade para nós.

Geralmente quando pergunto “Qual é a sua prioridade?” muitas pessoas respondem que a prioridade é o trabalho. Cuidado, o trabalho pode ser uma excelente distração quando não queremos olhar para nossas dores e questões internas. Acredito que um dia, a reposta para esta pergunta:  Será: “A minha saúde!”

Penso num futuro próximo onde as pessoas cuidarão melhor de si mesmas. Irão olhar com mais amor e compreensão para suas necessidades, como por exemplo: a importância de simplesmente descansar!

Somos merecedores do descanso, da comemoração e do auto reforço. Qual foi a última vez que você se elogiou por algo bom que tenha realizado? Quando olhou com compaixão para seu corpo cansado e disse: Vou cuida de você! Quando deitou-se e descansou verdadeiramente, sem encher a cabeça com o trabalho que precisa ser feito e outras mil tarefas para serem executadas?

Para ter o repouso completo é preciso desligar, seja das redes sociais ou de outros meios que possam te distrair e levar a sua mente para outros lugares. Sim, falar é diferente de agir, mesmo porque algumas pessoas possuem uma personalidade agitada, e por isso tem dificuldade para conseguir "não fazer nada de fato". Se esse é o seu caso, saiba que o ócio é ainda mais importante na sua vida.

Na maior parte das vezes a agitação e a aceleração vêm de uma demanda externa que as pessoas tomam para si. Nesses casos, o descanso pode ser um ótimo aliado, pois permite a conexão das pessoas com seus próprios ritmos e uma desconexão temporária do ritmo externo. De todo modo, a forma como as pessoas se deixam levar pela agitação externa e a função da agitação mental na vida são questões muito subjetivas, que variam de pessoa para pessoa.

Uso a metáfora de um carro que se mantém ligado por muito tempo sem desligar, o que acontece? Certamente logo o motor irá fundir. Não deixe seu veículo ligado por muito tempo sem desligar, precisamos de uma pausa, merecemos o repouso, permita-se desfrutar e descansar. Imagine esse momento para investir em si mesmo, em seus pensamentos, em sua a vida e na reorientação da própria existência. Sem culpa descansar, deste modo, sua saúde, sua família e sua vida agradecem!

Finalizo com uma singela frase de Buda: "O segredo da saúde mental e corporal esta em não se lamentar pelo passado, não se preocupar com o futuro, nem se adiantar aos problemas, mas viver sábia e seriamente o presente".

Fonte: Débora Clais e Queila Rodrigues