Reparou como ouvimos diversos sons? Existem uma porção deles rompendo o silêncio constantemente, por isso, é tão automático ouvir. Escutar é diferente de ouvir.
Para desenvolver a escuta ativa, é necessário estarmos realmente conectados e presentes, essa é uma forma de carinho e cuidado com quem está falando.
A diferença é bem simples, ouvir é algo mecânico, faz parte dos presentes que recebemos da anatomia humana (para a grande maioria das pessoas), já escutar ativamente requer estado de presença e atenção ao próximo.
Porém, atualmente uma das marcas da sociedade é a imensa pressão pela competitividade e pressa pela produtividade levando a um contexto triste, que nos faz ter a sensação de que escutar o que o outro tem a dizer é perda de tempo, podendo ser colocado como segundo ou último plano na nossa infindável lista de afazeres.
As redes sociais possibilitam estarmos em mais de um lugar ao mesmo tempo, tomando café com nosso amor e respondendo um cliente pelo celular, ou com os amigos na mesa e conversando com a professora pelo e-mail, o que acaba prejudicando a escuta verdadeira com aqueles que fazem parte da nossa vida, tanto fisicamente como virtualmente. Uma vez que, para construção de bons relacionamentos, é importantíssimo validar a presença do outro.
Observo a consequência desse comportamento ou melhor, a ausência desse comportamento de escuta ativa no consultório, pessoas adoecidas devido ao fato de não serem ouvidas verdadeiramente. Como se implorassem por uma escuta genuína e ativa das pessoas ao seu redor.
Pais e filhos cada vez mais distantes, conhecendo-se pouco, casais vivendo juntos com ouvidos separados, histórias familiares que se perdem nas falas dos mais velhos que são simplesmente trocadas e abafadas pelas series da tv e dancinhas da moda. Casas cheias de presenças vazias.
Pare por um instante e imagine se um dia, ninguém mais querer te escutar, se por um grande período de tempo, ninguém mais “lhe der ouvidos” literalmente. Como você irá se sentir?
Facilmente podemos dizer que a atenção é sinônimo do amor, impossível alguém que não receba nenhum gesto de atenção sentir-se amado. Esse é um dos fatores que geram sentimentos de tristeza e abandono, por vezes agravando as patologias de ordem emocional ou até mesmo desencadeando quadros de doenças psicológicas.
Dentro desse contexto, precisamos reestabelecer com certa urgência o dialogo com fala e escuta ativa, através das relações as pessoas podem se reconhecer umas às outras e umas nas outras.
Estimular a escuta nas crianças é um jeito lindo de criar relações mais respeitosas com elas. E assim elas com a Vida e com o mundo.
Nem sempre vamos conseguir nos empenhar na escuta empática, visto que existem assuntos que sobrecarregam o emocional de quem escuta, assuntos que geram profundo incomodo e neste aspecto é necessário saber qual é nosso limite e ate onde podemos nos doar para essa escuta e atenção, prevenindo que a nossa saúde não pague o preço mais tarde. Lembrando que o que tempera a vida é a Temperança.
Estar inteiro em uma conversa e ser um verdadeiro espaço para o outro, pode ser um valioso remédio para as feridas da alma, além de nos permitir criar conexões com nossos amores e melhorar as relações.
Abra os ouvidos e o coração!
Fonte: Debora Clais