Falando sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais


Falando sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais

Então, se você sofre ou conhece alguém que sente dores abdominais, diarreia frequente ou um dos demais sintomas descritos abaixo pode se tratar-se de um paciente com doença inflamatória intestinal (DII). As principais DII são a Retocolite Ulcerativa (RCU) e a Doença de Crohn (DC). São doenças que causam inflamação crônica e “incurável” no intestino e em decorrência disto o paciente apresenta diarreia crônica ou recorrente, dor abdominal, pode apresentar sangramento nas fezes, além de outros sintomas menos frequentes. São doenças cuja a causa é desconhecida decorrente de uma interação entre predisposição genética, fatores ambiente e as bactérias intestinais.

Predisposição genética por forma identificadas alterações nos genes mais comuns em pacientes com DII que em pessoas sem estas doenças, fatores ambientais, pois elas ocorrem mas em regiões desenvolvidas que subdesenvolvidas e mais em áreas urbanas que áreas rurais, sendo pesquisados fatores como corantes e conservantes da dieta, uso abusivo de anti-inflamatórios ou mesmo o estresse, e estudos da flora intestinal mostram diferentes flora em pacientes com e sem a doença. Acredita-se que ocorra uma interação entre estes fatores, mas que nenhum deles sozinho seja capaz de promover o surgimento da doença.

A RCU acomete o intestino grosso e a camada mais superficial da parede intestinal enquanto a DC pode acometer todo o trato digestório desde a boca até o ânus e pode comprometer toda a parede do segmento afetado assim cursando com complicações (fístulas e estenoses) que não ocorrem na RCU. Por acometer toda a parede do segmento afetado, na DC podem ocorrer estreitamentos, algumas vezes com obstrução, perfurações com abscessos (cavidades com pus) ou mesmo comunicações anormais do tubo digestivo com outros órgãos que chamamos de fístula. Na RCU estas complicações são mais raras, com exceção da hemorragia.

Até o momento não existem medicamentos que curem definitivamente as DII. Mas existem medicamentos que controlam a doença e assim os pacientes têm uma qualidade e expectativa de vida iguais as de quem não tem a doença, mas cabe lembrar que o tratamento de manutenção, ou seja, usar os medicamentos mesmo quando está sem sintomas, é muito importante para evitar a progressão da inflamação. Além dos sintomas, com perda de qualidade de vida, do risco maior de complicações (hemorragia, fístulas e obstrução), principalmente quando não controlada a inflamação crônica no intestino pode provocar um aumento na incidência de câncer no intestino. Então, mais uma vez reforça a importância da terapia de manutenção para manter o intestino não inflamado e a necessidade de acompanhamento médico para a realização de exames periódicos.

As cirurgias estão indicadas quando o tratamento com medicamentos não funcionam, ou quando ocorre alguma complicação. No caso da RCU, teoricamente a cirurgia pode curar o paciente da inflamação intestinal retirando todo o intestino grosso. Mas é uma cirurgia de grande porte, com potencial de complicações importantes e cujos sintomas posteriores à cirurgia, principalmente o aumento do número de evacuações, a incontinência e os escapes noturnos podem prejudicar a qualidade de vida do paciente. No caso da DC, mesmo operando para retirar segmentos comprometidos, a doença pode voltar em outras partes, sendo necessário o tratamento clínico de manutenção no pós-operatório. Portanto caso você apresente um destes sintomas ou conheça alguém que os tenha, o ideal é procurar um médico especialista nessas doenças. Os tratamentos evoluíram muito nas últimas décadas e o início precoce de um tratamento efetivo é fundamental para uma evolução favorável e sem sequelas.