Texto escrito pelo querido professor e amigo Adair, compartilho com você, caro leitor, esse presente em forma leitura. 

JARDIM DA VIDA

Essa semana, por ocasião do meu quinquagésimo aniversário, fiz pela quinquagésima vez a mesma viagem. É, em todos os meus aniversários visito o jardim da vida, um lugar enorme, cheio de flores, árvores, ipês, paineiras,azaleias, atulhes, hortênsias, muitas cores e odores; cada ser humano possui um pequeno lote onde se cultiva aquilo que se planta.

Nesse ano, adentrei no jardim, fui vagarosamente percorrendo por lotes de pessoas, umas estranhas outras conhecidas, sentindo a maciez da grama nos meus pés, as flores estavam mais afastadas, usavam máscaras, uma margarida me disse que foi um vendaval chamado corona, muitas plantas sem vida e muitas outras agonizando, vi também algumas ervas daninhas, carrapichos que insistem em se grudarem...

Fui caminhando, respirando fundo os odores, contemplando as cores e lamentando pelas plantas sem vida, quando cheguei no meu lote, não estava diferente, as minhas flores sentiam saudades de mim e umas das outras, mas não me receberam com o abraço com que geralmente me recebiam.

No meu lote há um pé de cravo, que antes não havia, ele parece estar murchando, não o adubarei, ele escolheu estar ali, deixemos que a vida se encarregue do seu destino, mas as roseiras, dálias, avencas e tantas outras continuam lindas, verdes e floridas, um pequeno pé de ipê todo florido, lindo, terá vida longa e produtiva, a roseira maior me parece adoecida, vou pedir ao jardineiro celestial que a olhe com carinho.

Você já visitou o seu jardim? O endereço, te dou, fica entre as tuas orelhas, atrás dos seus olhos, no fundo da sua imaginação.