Perdoe a si mesmo

Autoperdão é cura para muitas doenças

Perdoe a si mesmo

Olhar para nossos erros com olhar compassivo e generoso nos libera para viver uma vida mais leve e saudável.

Atualmente as pessoas estão adoecendo devido carregarem pesos e culpas por erros e falhas que fazem parte da nossa condição HUMANA. Colecionar insucessos, mágoas, atitudes impensadas, viver constantemente remoendo e refazendo mentalmente o passado não é nada bom. Sempre digo no consultório: O passado é uma dispensa onde estão guardadas coisas importantes, partes da construção de quem somos, de vez em quando é necessário ver como está a dispensa, pegar algo que precisamos, mas não podemos “morar” na dispensa como muitos fazem quando decidem viver no passado.

Não nos perdoamos por erros cometidos, por ter feito mal a alguém mesmo sem intenção, por oportunidades perdidas, por escolhas que com o tempo se mostraram erradas. Condenamos, castigamos nosso corpo e mente sem refletir que não é possível trocá-los se caso eles não aguentarem os castigos. Algumas vezes esses castigos começam sutis, um pensamento repressivo aqui, uma palavra ali, uma desvalorização aqui, um pequeno arrependimento ali e quando menos esperamos a casa cai.

Muitas pessoas carregam culpas por situações inevitáveis, acarretando para si sentimentos de incapacidade, incompetência, insuficiência e cheias de autojulgamento, sendo juízes severos de si, com sentenças perpetuas de sofrimentos mentais e físicos.

Quando não aceitamos nossas falhas, no fundo queremos ser Perfeitos, sem erros nem defeitos (lembrando que somente Deus é assim) plantamos no solo fértil da alma sentimentos de tristeza, vergonha, decepção, cobranças internas, vamos regando com a falta do autoperdão; colhendo doenças físicas e mentais além de ficarmos paralisados, presos ao ocorrido. Fato é que “O passado é inevitável!” como diz Decio Oliveira, se condenar não vai mudá-lo.

Não adianta varrer a sujeita para debaixo do tapete, basta um pequeno vento ou movimento  levantando o manto do chão ou um buraco no tecido para que a sujeita apareça, ainda pior e as vezes mal cheirosa.

É preciso parar com os julgamentos e exercitar as avaliações. Cessar com os rótulos de bom ou mal, todos somos luz e sombra, aceitar de coração aberto nossa humanidade, passível de erros. Devemos nos tratar com o mesmo carinho e compaixão com o qual tratamos um grande amigo.

O autoperdão permite a aceitação, permite que a pessoa olhe para a realidade, olhe para si e volte a crescer. No início pode ser doloroso porque ela tem que assumir quem é, suas falhas e erros e retomar o contato consigo.

Lamentar o que ocorreu, ruminações e reclamações, pensamentos mágicos de como poderia ter sido diferente são fantasmas assombrando as mentes de quem se condena e se culpa. Esses comportamentos não nos deixam compreender que fizemos o nosso melhor no momento ou mesmo que errar é humano. Não sabemos, poderia ter acontecido algo pior se tomássemos outras escolhas.

É possível reparar o mal feito a nós mesmos e a outros com o entendimento da situação.  Através da Teoria Focada na Compaixão podemos chegar ao autoperdão.  A autocompaixão é feita de autobondade, reconhecimento que somos falhos, vivência da dor sem exageros ou negligências. Olhar para nossa evolução e nos acolher, assim como uma criança é acolhida, aconchegar nossas dores no colo da gentileza. Diálogos internos mais saudáveis, colhendo a experiência e o aprendizado da situação vivida.

Fazer o bem para sanar o mal.

Olhe para o espelho, olhe para seus olhos e veja que você assim como qualquer pessoa merece perdão, merece outras chances. Diga em voz alta: Eu te perdoo. Te libero da culpa. Errar é humano. Decida fazer o bem para si e para aqueles que convivem contigo. Praticar boas ações também pode ajudar a reconstruir, ação por ação, tijolinho por tijolinho a nossa casa física e mental. Para finalizar, encerro com uma frase linda do nosso querido Mario Quintana: “Não importa que a tenham demolido. A gente continua morando na velha casa em que nasceu!”.