Algumas pessoas sentem a necessidade constante de ajudar os outros, estar sempre disponível para auxiliar, ser gentil e prestativa, o problema é que, geralmente, essa postura pode ser prejudicial.
É super importante e necessário ajudarmos uns aos outros, não é o caso a Síndrome do Salvador que refere-se a ajuda extrema, quando o indivíduo ajuda a ponto de desenvolver no outro um sentimento de debito, lembrando que o equilíbrio e temperança é importante para tudo na vida.
O ato de ajudar comumente desperta bons olhares e reconhecimento social. Em geral, ser altruísta é uma das formas mais recompensadoras de agir, afinal, seremos bem vistos pela sociedade em vida e conforme algumas doutrinas religiosas, ainda teremos ganhos e bônus após a morte. A questão é: Ajudar é sempre bom mesmo? Existem teorias que esmiuçam e colocam em dúvida esse tema, a Teoria da Síndrome do Salvador é uma delas.
Essa teoria analisou a existencia do "vicio" em ajudar. Pessoas com essa sindrome costumam procurar outras que precisam de ajuda e assistência, assim elas prestam socorro e sacrificam suas próprias necessidades "ajudando o próximo” a fim de serem reconhecidas o e em alguns casos para ter controle sobre o outro, desenvolvendo relacionamentos de dependência, ou seja, relacionamentos adoecidos. Em geral, as pessoas que sofrem desse complexo tendem a viver de relacionamentos co-dependentes. Na maioria dos casos, esse é um dos piores tipos de relacionamento que pode existir.
Em relacionamentos adoecidos pela dependência e co-dependencia formados pela síndrome do salvador, nenhum dos envolvidos é realmente feliz. A pessoa que é dependente terá cada vez menos auto-estima e autoconfiança, enquanto o outro se sentirá sufocado, explorado e a tendencia é que ele cobre e culpe o dependente invariavelmente.
Essa dinâmica ocorre em todos os tipos de relação: entre amigos, familiares, colegas de trabalho. Porém, é mais comum no campo das relações românticas.
Um Salvador de plantão não consegue olhar para a força e dignidade do outro, acreditando que somente ELE tem a solução para resolver o problema. Ao “ajudar” ou “salvar” o outro, ele se sente realizado. Ajudar, muitas vezes, requer um certo recolhimento e reconhecimento da capacidade do outro perante seu próprio problema.
Outro ponto importante para ser esclarecido, é que todos nós, seres humanos, carregamos em nosso íntimo a necessidade das trocas, do equilíbrio. Imagine que você ganha um presente bonito de alguém no seu aniversário, certamente no aniversario desse alguém, você irá sentir o desejo de presenter com algo bonito também. É assim que equilibramos nossas relações, tornando-as saudáveis. Quando alguém nos faz algo bom, é inato, queremos devolver algo bom.
Já o salvador acumula devedores pelo caminho, ele ajuda tanto uma pessoa a ponto de ela não conseguir equilibrar ou devolver a ajuda recebida.
Outra característica é que os salvadores não pedem e não aceitam ajuda, impossibilitando que o equilíbrio das trocas possa existir.
Alguns motivos ocultos (até mesmo do próprio ajudador) atras das boas ações e intenções de ”ajudar” são medos ou necessidades de controle, geralmente em pensamentos rápidos e distorcidos:
“As pessoas serão gratas a mim e irão me amar e me aprovar por tudo que eu faço por elas.” Controle
“As pessoas não irão me rejeitar ou me criticar já que sempre as ajudo!” Medo
“Ninguém vai me maltratar, ser injusto comigo ou ficar com raiva de mim, já que sou tão bom.” Controle/Medo
“Ninguém vai me abandonar ou me deixar já que precisam de mim.” Controle/medo
Como identificar se você é um salvador?
Todos nós já fomos salvadores um dia, mas alguns indivíduos sofrem com essa compulsão em ajudar, é muito pesado para o salvador carregar um mundo de problemas nas costas para resolver, acreditando que somente assim poderá ser amado ou ter valor. Abaixo estão 10 perguntas que podem auxiliar na descoberta se você é um salvador compulsivo.
Se respondeu SIM para 2 ou mais questões, talvez você sofra com a Sindrome do Salvador.
Seguem algumas sugestões caso você se identifique com essa síndrome, aplicá-las à sua vida pode ser de grande ajuda para você:
• Aprenda a dizer não. Para muitas pessoas, recusar-se a fazer o que um ente querido lhes pede é extremamente difícil. No entanto, dizer sim para o outro e não para si mesmo pode ter muito peso e futuras cobranças, adoecendo as relações. Treino de habilidades sociais e assertividade auxiliam neste processo.
• Lembre-se, você é o único responsável por si mesmo. Cada pessoa deve saber disso e ser responsável por sua própria vida, emoções e suas ações. Todos somos capazes e responsáveis.
• Estabelecer limites. Você deve saber até onde você pode ir. Existe alguma coisa que você não gosta particularmente? Quando ajudar os outros se torna demais para você? Saiba seus limites e também quando sua ajuda está invalidando o outro.
• Sua felicidade é sua prioridade. Sempre crescemos com a ideia de que cuidar do próprio bem-estar antes dos outros é um pouco egoísta. Mas se uma ação vai fazer você infeliz, fazer isso não faz sentido. Não podemos nos acostumar com o que não faz bem.
• Ensine a pescar, não entregue o peixe. Nosso exemplo sempre será a melhor ajuda. Dê exemplos de autocuidado e apenas mostre como você poderia resolver o problema ao invés de resolver de fato para o outro.
• Lembre que você não é Pai e nem Mãe de todo mundo. Cada ser humano tem seus pais e a força que é herdada desses pais, é importante olharmos a capacidade de cada um, para não invalidar ou incapacitar ninguém.
• Somente interferir e apoiar à medida que as circunstancias permitem. Ajudar quem pediu e quem realmente precisa.
• Busque auxilio profissional, para fortalecer seu valor e amor próprio, afinal, as pessoas gostam de quem se gosta, as pessoas respeitam quem se respeita. Autoconhecimento é a chave e a cura para a grande maioria dos males.
• E por último, aprenda a pedir. Arrogante é quem precisa porem não pede, em muitos casos a única forma possível de equilibrar uma relação e torna-la saudável é quando quem fez demais permite que o outro também faça, uma das formas é pedindo ajuda. Então salvadores de plantão, ninguém é autossuficiente, sempre que precisar, peça!
Em última análise, se você quer se libertar da síndrome do salvador, você deve examinar-se de uma maneira completamente honesta. Lembrando que somos 100% responsáveis por nós mesmos, que todos tem capacidade e força.
Para finalizar encerro com uma singela frase: “Quem realmente ajuda, não cobra e não julga!”
Fonte: Débora Clais