Vitimismo
Conhece ou já conheceu alguém que é sempre a vítima das situações da vida? Infelizmente a grande maioria das pessoas consideram-se quase um Cristo na terra, com sua cruz cheia de pessoas aproveitadoras para carregar nas costas e sua coroa de espinhos repleta de problemas na cabeça.
Não me refiro as verdadeiras vítimas (pessoas indefesas que sofrem algum dano real e verdadeiramente foram incapazes de reagir, como o caso de ofensas sexuais infantis, assaltos violentos, acidentes com consequências fatais) refiro-me a pessoas adultas que possuem dentro de si a capacidade de sair de determinadas situações, mas que neste contexto de salvador e herói, acabam vendo o mundo como um lugar de dor e sofrimento e vendo a si mesmos como grandes vitimas da vida.
Essas vítimas geralmente não querem solução para seus problemas, elas querem aliados, cumplices de seus ‘sofrimentos’. Envoltas na condição de serem os inocentes, optam pelo conforto de ouvirem frases de consolo e aprovação. Rejeitam a ideia de dar um passo e assumir a consciência pesada da culpa de dizer “não”, vestir a roupa de vilã para colocar limites saudáveis e principalmente a necessidade de ser muito boa e assim consequentemente ser “aceita e amada por todos”!
Porém vitimismo não promove transformação ou mudanças saudáveis, só sofrimento inútil. Não foi à toa que em 1968 o médico Dr. Stephen Karpman desenvolveu dentro da terapia de análise transacional a teoria do Triângulo Dramático, estruturado pelos auto-scrips e roteiros teatrais.
Lidar com culpas e consciência pesada, carregar a consequência dos atos requer postura adulta e aceitação de que não somos DEUS para resolver tudo.
O passado já foi, não pode ser mudado. Alguns efeitos podem ser minimizados com coragem e humildade. Uma das maiores humildades que conheço é aceitar-se comum e imperfeito.
A autorresponsabilidade também é uma grandeza da alma, responsabilizar-se sobre sua própria vida e sobre suas ações, sem ficar apontando o dedo e encontrando pessoas para serem os agressores e vilões do roteiro escrito pela mente para que desempenhe o papel de sofredora e vítima.
Sem autorresponsabilidade esse drama não tem fim e pode ter certeza que também não terá Oscar, no máximo, ganhará doenças e solidão.
Em qualquer circunstância, abandonar a lamentação e a vitimização, olhar para dentro e ver a força que tens para assumir o controle da própria vida, sem terceirizar os acontecimentos a quem quer que seja, responsabilizar-se pelo que está vivendo com autoamor e compromisso é trilhar um novo caminho, o verdadeiro caminho da verdade e da vida!
Finalizo com as reflexões de Angela Lara: “O vitimismo é a arma dos desonestos!” e Ramaiany Ramalho: “Se alguém necessita dizer aos outros que é VÍTIMA, é porque não é!”
Fonte: Débora Clais