Onde é a sua morada?


Onde é a sua morada?

Onde é sua casa?

Onde você mora? Onde você vive? Onde é sua morada?

Essa é uma pergunta simples de consultório, para refletirmos onde moramos. Infelizmente ainda estamos tão ligados ao mundo externo que poucas vezes nos damos conta que nossa verdadeira morada é o nosso corpo.

Nossa primeira casa, aquela quentinha, aconchegante, fornecedora de tudo para nossa sobrevivência e construção chama-se: Ventre. Moramos por lá até que nossa casa ficasse pronta: Nosso corpo!

Como esta sua casa? Bem cuidada? Arejada? Ou abandonada?

Neste texto vamos falar um pouco da nossa morada chamada corpo e dos cuidados com ela.

Nos somos seres espirituais vivendo uma experiencia humana. Para viver essa experiencia, precisamos do corpo, protagonista dos movimentos da vida. Porém, na maior parte do tempo, nos distanciamos dessa consciência de interação com nosso corpo e da sua real importância.

O corpo possui sua própria sabedoria, precisamos ouvi-lo. E para ouvi-lo é necessário acalmar, desacelerar, silenciar...

No mundo atual, agitado e imediatista esse é nosso grande desafio. Percebo pessoas ficando cada dia mais impacientes por buscarem resultados imediatos, nessa correria, quem sofre é ele: O corpo.

Ele vai sendo deixado de lado, um burro de carga que carrega todas as nossas cobranças, nossas bagagens, nossas ansiedades, enfim, precisando adoecer para ser visto e cuidado.

Parar alguns minutinhos pela manhã, arejar nossas casa chamada corpo com a respiração profunda, abrir as janelas e deixar o sol entrar, já sabemos que alguns minutos de sol na pele auxilia a produção de vitamina D, hormônio tão importante para nosso bem estar, lembrar dos nossos amores, se puder, enviar uma mensagem, dessa forma cuidamos da nossa sala dos afetos, acalmando e serenando nosso coração, momentos de conexão com a natureza, de gratidão, são preces que iluminam nossa sala da espiritualidade, nos fazendo recordar que existem muitas belezas neste mundo.

Desenvolver a consciência das necessidades da nossa morada de carne e osso é muito importante para vivermos uma vida com mais qualidade.

Ter um olhar cuidadoso para os sinais que nosso corpo nos envia, aprender a escuta-lo para que ele não precise gritar, pois geralmente os “gritos” vem à tona em forma de doenças. Não ignorar essa casa tão completa e perfeita que recebemos, nosso corpo é um espelho vivo, refletindo o estado da nossa mente. Por exemplo, uma dor nas costas, antes de tomar um anti-inflamatório, pergunte-se: Qual peso desnecessário estou carregando? Estou com uma postura carinhosa com meu corpo na hora de sentar? O que estou fazendo em excesso que está reverberando nas costas? Como posso ser mais gentil ela? Esses questionamentos ajudam a entender e elaborar alternativas mais compassivas e comportamentos de autocuidado com a nossa casa corporal. Desta forma nos educamos a olhar com uma curiosidade saudável para nosso verdadeiro lar, abandonando a ideia do corpo estar quebrado ou com defeito, compreendendo que se trata apenas de sua comunicação e pedido de socorro para conosco.

Reflexões nos levam a um ponto muito importante para reestabelecer a conexão perdida ao longo da nossa história, nos afastamos da nossa morada e retornar a ela é uma jornada bonita e necessária, conseguimos retornar a nossa casa através da “presença”.

A presença nada mais é do que a ativação dos estados de Atenção. Atenção a si mesmo, ao outro e ao espaço em que estamos.

Tomar consciência e zelar do corpo, respeitando e aprendendo sobre ele, permitir conhecer e aceitar quem somos, nos conduz a uma vida mais conectada com o interno e externo, auxiliando a prevenção de patologias e facilitando o caminho de uma vida mais saudável e plena.

Como dizia O terapeuta Bert: "meu objetivo não é eliminar um sintoma, mas fazer com que alguém volte a se sentir em casa!"

 Que possamos nos sentir em casa! Sempre!

Fonte: Débora Clais